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domingo, 28 de junho de 2009

estou sem forças

Apetecia-me, com um passe de mágica encaixotar tudo, desmontar os móveis, escolher a casa com convicção, tratar de tudo o que há para tratar. Apetecia-me porque era um só gesto e por agora o único gesto que as minhas forças permitem é olhar para caixotes desmontados e virar-lhes as costas. Sim quero muito mudar, mas não tenho forças, não me apetece ter [outra vez] todo o trabalho do encaixota-desencaixota. Faltam-me as forças e a vontade não é suficiente, o que me faz crer que se me auto-contrariar até faço tudo o que tiver para fazer, mas no fim caio para o lado.


chuva de verão

E passamos o dia em casa, arrumamos os destroços de ontem, começo a tarefa de desmontar móveis a muito custo. O cansaço dos últimos dias apodera-se do meu corpo e adormeço no sofá com o A. enroscado em mim, a meio do sono sento o T. a tapar-nos e pousar um beijo na minha bochecha para de seguida voltar para os jogos no pc.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

roda-viva

Desligo o alarme do telemóvel e levanto-me a custo. Passagem pela casa de banho e vou à cozinha aquecer os leites. Entro no quarto onde dormem profundamente e abro o estore devagar. O mais novo acorda sempre primeiro. Encho o mais velho de beijos para que acorde. Vão os dois para a sala ver os desenhos animados enquanto bebem o leite. O mais velho veste-se enquanto lhe arranjo o segundo leite. Visto o mais novo e deixo-os entregues ao canal 2 enquanto me arranjo. Porta fora, o mais velho chama o elevador o mais novo acende a luz. Saio do prédio com duas crianças coladas a mim, deixo o mais novo no colégio, sigo com o mais velho e deixo-o na escola. Chego ao trabalho e atiro-me ao excell, alterno os mapas com pesquisas de casas na net. Hora de almoço, tenho uma visita combinada para ver in loco uma casa. Volto ao trabalho e ao excell, enquanto carrega vejo casas e marco visitas. Fim de expediente,vou buscar a cria mais velha e de seguida a mais nova, mais uma casa in loco. Voltamos para casa, passagem rápida na mercearia da rua para comprar fruta e no café para me abastecer de cigarros. O mais velho toma duche sozinho, dou banho ao mais novo. Enquanto brincam faço o jantar, enquanto está ao lume, ligo o pc e procuro casas que adiciono aos favoritos. Sirvo-lhes o jantar e empanturro-me com as cerejas que comprámos. Arrumo a cozinha. Eles brincam. Preparo as coisas para o dia seguinte e os leites da noite. Enquanto bebem o leite, procuro casas. Lavam os dentes e vou deitá-los. Mimos de boa noite, apagam-se as luzes e regresso à cozinha onde fumo um cigarro e bebo um café. Preparo os leites de pequeno almoço. Regresso ao pc e vejo casas e mais casas. Já troco as casas todas, está na hora de mais um cigarro. Dentes lavados. Vou vê-los, dormem profundamente. Deito-me a ler e a trocar sms. Começo a ver descrições de T2, T3 e m2 nas páginas de " O canto da missão". Está na hora de dormir. Faltam 6 horas para que o telemóvel me diga que vai recomeçar tudo outra vez.

Excentrico-Extravagante-Excelente-Extraordinário

quinta-feira, 25 de junho de 2009

reconstruir

Hoje percebi que não me basta mudar. Sou fruto da geração Lego, gosto de construir, gosto de reconstruir à minha maneira. Bastaram-me umas fotos de uma casa e fiquei a borbulhar de excitação tal qual como à 30 anos atrás perante uma caixa de Legos novinha. Brotaram ideias e, de umas míseras fotos consegui visualizar o resultado final. Adoro pegar no velho e transformá-lo em novo, o feio em bonito, o desconfortável em acolhedor. Eu preciso de projectos, mantem a minha criatividade activa, não sou grande fã de facilitismos, prefiro de longe os desafios, ultapassar obstáculos e, no final poder olhar para a obra feita e orgulhar-me do pó engolido.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

a arrumar a vidinha,

é assim que vão ser os meus próximos tempos. Encaixotar o que é para manter, desfazer-me do que não pertence à vida que quero recomeçar. Os recomeços e as mudanças são boas para fazer limpezas, limpam-se os armários, as gavetas, as caixas de toda a tralha acumulada, uma parte seguirá caminho comigo, outra ficará para trás e seguirá um outro diferente. Novos armários e gavetas sem fantasmas irão albergar as coisas que me são mais queridas e necessárias. Tudo limpo e arrumado nos seus respectivos lugares como devia ser tudo na vida. Quem me dera que fosse tão fácil arrumar a vida como uma casa nova. Criar uma nova vida como se consegue criar um lar. Não é assim tão fácil, mas os recomeços têm o seu quê, por um lado o desapego que é necessário ter relativamente ao supérfluo, por outro o alento de novos sons, outra luz a entrar pela janela, outros recantos que se criam, no fundo, a esperança de melhores dias que certamente aí vêem.
E eu, ao fim de tantos recomeços, vou enfrentar mais um, sozinha e com bagagem bem mais pesada, bem mais preciosa do que uma mala de mão. Agora, ao fim de quase um ano, sinto o peso da responsabilidade. Já não sou só eu, sou eu e os meus filhos, num recomeço a sós. Por isso preciso de encontrar uma casa em que o sol que entra pelas janelas encha bem a casa de luz. Porque eu preciso que o sol me encha a nova casa de luz.

domingo, 21 de junho de 2009

mentalização [nada acontece por acaso]
















Andou meses na minha cabeceira, só lhe pegava para limpar o pó e voltava a pousá-lo, cansada de ter um monte de livros à espera de serem lidos [e este ano nem me reabasteci na feira do livro], resolvi "limpá-los" dali. Deve ter sido o terceiro a ser lido desde que dei início à limpeza. Eu acredito que há coisas que não acontecem por acaso, a sério que acredito e a leitura deste livro que andava a ganhar pó na mesa de cabeceira não podia ter calhado em melhor altura. Um simples livro fez-me olhar algumas coisas com outra perspectiva. Claro que infelizmente não me posso dar ao luxo de tirar um ano sabático e mudar-me para itália para me empanturrar com pasta durante 3 meses, enclausurar-me num Ashram na Índia e passar 90 dias a meditar para de seguida ir para Bali em busca do equilíbrio. Não posso, por muitas e pesadas razões, não posso, mas era menina para noutra vida o fazer. Nesta, posso-me apenas ir lembrando, sistematicamente, que não posso controlar tudo e que depois de fazer a minha parte tenho de deixar o universo fazer o resto.


a magia da primeira vez

A primeira vez é algo que nos fica na memória, seja o primeiro beijo, o primeiro namorado ou o primeiro beijo do vigésimo namorado que já nem nos lembramos do nome. Dele somos capazes de esquecer, do beijo provavelmente não. Recordamos o primeiro ordenado ganho, mesmo que no dia seguinte tenha desaparecido. A primeira viagem quando já somos gente grande. O primeiro olhar para aquele ser pequenino que saiu de cá de dentro.
A primeira vez é mágica e tanto faz que seja o primeiro olhar, o primeiro beijo, a primeira noite ou primeiro mergulho juntos no mar. É Mágica.

sábado, 20 de junho de 2009

a praia

esteve fantástica.


sexta-feira, 19 de junho de 2009

cor-de-rosa


















tem faltado na palete da minha vida.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

"desoxidada"



















[tendo em conta a quantidade que tenho comido já devo ter retirado todo o óxido existente no meu organismo]

labirintos

O telefone toca. Atendo. Do outro lado oiço o que tanto esperei ouvir. Esperei tanto que agora ao dizerem-me já não sei se é bom. A espera tem destas coisas; desespera e quem espera sempre alcança and so on, mas agora não sei, já não sei, eu sei lá... A dúvida dá cabo de mim. Um telefonema confirma a minha vida armada em acrobata; dupla pirueta e meia à retaguarda, empranchado à frente ligado a mortal engrupado a terminar com encarpado.
[Espero não me lesionar com tanta ginástica]
De tanto esperar, de tanto imaginar, mil e uma saídas, já não sei para que lado é a saída do labirinto e entro em acesa discussão interna:
-Agora é andar para a frente!
-E, eu lá sei para que lado é a frente?
-Pelo menos é para algum lado...
-E se fôr para trás?
-Bem, para trás não é.
-Boa, sobra a frente e os lados.
-Se fôr para os lados é atalho e atalhos nem sempre são bons, só para fugir ao trânsito e mesmo assim tem dias...
-Há-de ser para a frente.
-Mas também pode não ser...
-Gaita, logo se vê onde vai dar, agora já está.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

o início

eu não tenho mau feitio, não sou má, não desejo mal a ninguém e não rezingo. O que eu tenho é mau génio. Sou uma impaciente com uma pachorra invejável. Fervilho por dentro quando estou à espera que aconteça algo, mas acabo sempre por esperar muito mais tempo do que o que achava capaz de suportar. Sou boa pessoa, ajudo sempre que posso quem precisa de ajuda. Desculpo e perdoo. Acho sempre que para a frente é que é caminho e os passos do passado só servem para acertar rotas futuras. Depois há umas alturas em que me salta a tampa [que é como quem diz o mau génio], encho, farto-me e expurgo tudo o que me morde por dentro. Faço cara de poucos amigos, fico mal comigo e com o mundo, mas não chateio. Fecho-me na concha, enrolo-me sobre mim e acendo o néon: "Não me digam nada" e se seguirem o conselho eu mantenho-me sossegada e não rosno a ninguém, porque morder é que não mordo.

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